Profº MsC. MÁRCIO BALBINO CAVALCANTE. Geógrafo - UEPB; Mestre em Geografia - UFRN e Especialista em Ciências Ambientais - FIP.
- Cidade: João Pessoa, Paraiba - Brasil
E-mail: marcio-balbino@hotmail.com
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Por Profº Márcio Balbino Cavalcante
A aula de Campo constitui-se numa prática de fundamental relevância para a compreensão e leitura do espaço geográfico, principalmente, pela possibilidade de estreitamento que estabelece entre teoria e prática. Embora seja uma metodologia muito utilizada na pesquisa, desde os geógrafos clássicos, no ensino básico(principalmente nos níveis fundamental e médio) ainda não é muito aplicada como prática pedagógica para construção de conceitos e discussão da realidade cotidiana do aluno. Organizado em três etapas: preparação, saída(s) e sistematização do saber, a aula de campo deve fundamentar-se em propostas interdisciplinares. Para começar a atividade é fundamental que os professores e os alunos envolvidos se articulem para estabelecer o tema gerador diante do conteúdo estudado em sala. O assunto deve relacionar-se com a vida dos educandos, pois dessa forma os motivará a pensar sobre seu papel na sociedade. O passo seguinte é a escolha do lugar onde essa questão se evidencia.Após o estabelecimento do tema e a escolha do lugar a ser visitado, tem início a primeira fase de pesquisa. Alunos e professores das diferentes disciplinas devem buscar textos, fotos, imagens, mapas atuais e antigos, croquis, documentos e outros materiais que possam compor um acervo bibliográfico sobre o tema e sobre o lugar. Resgatar outros trabalhos já realizados na escola é muito importante nesse momento, pois isso valoriza o conhecimento sistematizado e possibilita a superação de problemas evidenciados no processo de elaboração da atividade.
Na seqüência se deve preparar o material. Para isso se organiza um caderno de campo, espécie de roteiro com todas as informações necessárias ao desenvolvimento do trabalho de campo. Para fazer a coleta de informações, imagens, depoimentos e documentos, é importante que os alunos – organizados em grupos – elejam subtemas a serem analisados a partir do tema gerador.
O caderno deve apresentar capa, nome da instituição responsável pelo trabalho, roteiro e cronograma de atividades, texto para sensibilização – sobre o uso dos sentidos numa pesquisa como essa ou sobre o tema em questão –, mapas, fotos, roteiros de entrevistas e folhas em branco para desenho.
A preparação da saída também deve estabelecer normas de conduta (respeito: ao outro, às diferenças, aos posicionamentos e ao modo de falar). Além disso, a escolha das vestimentas, a segurança, a proteção dos alunos (do calor ou do frio), o comportamento em relação ao lixo produzido pelo grupo, o trato com pessoas que prestarão serviços para o grupo e a conduta em determinados ambientes devem ser debatidos.
O dia da saída em geral é uma festa; a alegria de uma aula fora das quatro paredes é sempre vivida com muito entusiasmo, bem como quebra a rotina da sala de aula. É necessário, porém, que todas as visitas estejam devidamente agendadas, que as pessoas a serem entrevistadas tenham sido contatadas e que o roteiro preestabelecido seja cumprido. Deve-se coletar o planejado: usem a fotografia, o desenho, a filmadora, o gravador, o lápis e o papel; nada deve ser descartado. No caso de encontrar documentos, façam fotocópia, etc.
No retorno para a escola, inicie a sistematização do conhecimento. Em círculo, os alunos devem expor suas primeiras impressões, tecer comentários e trocar informações com seus colegas. É hora de apresentar as fotografias, entrevistas, documentos, dados e tudo mais que foi encontrado.
Depois desse trabalho inicial, os grupos devem se reorganizar e produzir o trabalho final, que pode ser apresentado na forma de relatórios, seminários, atlas, jornal, programa de rádio ou TV, publicação em blogs ou sites na internet, peça de teatro, jogral, etc. O importante é que o material pesquisado seja utilizado para responder a algumas questões evidenciadas pelo tema gerador, assim como também pelos subtemas escolhidos pelos grupos.
Assim, realizar uma atividade de trabalho de campo no processo de ensino e aprendizagem na escola, buscando um conhecimento integrado e interdisciplinar caracteriza a formação do professor engajado em suas práticas pedagógicas e, ao mesmo tempo, objetiva construir nos alunos um contexto de cidadania e análise crítica sobre seu espaço de vivência e de construção.