Profº MsC. MÁRCIO BALBINO CAVALCANTE. Geógrafo - UEPB; Mestre em Geografia - UFRN e Especialista em Ciências Ambientais - FIP.
- Cidade: João Pessoa, Paraiba - Brasil
E-mail: marcio-balbino@hotmail.com
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Márcio Balbino Cavalcante
Acompanhando o destino de um tomate, desde a plantação até ser jogado no lixo, o filme Ilha das Flores, mostra uma região miserável na grande Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Inicialmente, parece uma paródia dos programas didáticos de TV, mas por trás dessa forma, manifesta-se uma força sarcástica que torna o filme extremamente crítico a certas posturas da nossa sociedade capitalista, onde escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho. Desde o surgimento do homem na Terra e, conseqüentemente, após a descoberta do fogo e do seu desenvolvimento orgânico, como o cérebro desenvolvido, polegar opositor e do seu raciocínio (muitas vezes negativo), ele vem através do uso da técnica e das novas tecnologias ampliando seu domínio sobre a natureza. Assim, teria sido necessidade ou conveniência da vida sedentária que surgiu a cidade e posteriormente a sociedade industrial.
A partir dessa visão, o filme mostra os reais pilares da sociedade atual (propriedade, plantação, produção, industrialização, venda, dinheiro, lucro), tais palavras que na pratica gera: subordinação, injustiça, problemas sociais (fome, desemprego, insegurança), individualismo, egoísmo, consumismo, “valor material”, poluição em todos os sentidos.
O filme passa para os telespectadores, a idéia de irracionalidade humana versus a racionalidade dos animais, já que o último participa de cadeia alimentar de forma mais generosa do que seus parentes no mundo animal. Imaginar que seres humanos tratam melhor seus animais domésticos, que seus próprios irmãos humanos (cenas visíveis no filme), já que na Ilha das Flores, os humanos (crianças e mulheres se alimentam da sobras da alimentação dos porcos). Isso me faz lembrar que a capacidade agrícola existente no mundo permite alimentar a doze bilhões de pessoas, isto é, ao dobro da população mundial. Porém esses alimentos estão pessimamente distribuídos. Anualmente se utiliza um quarto da colheita mundial de cereais para alimentar o gado dos países ricos. A quantidade de milho consumida pela metade dos recintos climatizados para gado da Califórnia é maior do que todas as necessidades de um país que passa fome crônica, como o Zâmbia, na África, comprovando a denúncia retratada no filme.
Através dessa discussão, ora regionalista, ora socioambiental, percebemos que o homem precisa desabrochar para o verdadeiro sentido da vida em sociedade, viver em harmonia com sua mãe natureza e com seus irmãos “animais”, procurando corrigir os erros de uma sociedade marcada pelo o individualismo, pela sede econômica, pelo o consumismo, pela descriminação e pela soberania de um(ns) país(es) em relação aos demais, uma relação colonial secular. Porém, talvez essa harmonia tão necessária, seja alcançada tarde demais.
Sugestões de atividades para a sala de aula:
1- Numa época marcada por um profundo estímulo a solidariedade por parte de várias ONGs e pelo propósito governamental de extirpar a fome (e atingir em cheio a miséria) em nosso país, que tal entender um pouco mais sobre os mecanismos que produzem as desigualdades sociais? Estimule seus alunos a procurar informações acerca dos bairros pobres de sua cidade, a entrevistar as pessoas que vivem nessas localidades, a buscar a palavra das autoridades locais quanto a esse problema;
2- Outra possibilidade é a de organizar visitas de solidariedade e apoio as famílias carentes da comunidade, bem como promover movimentos ou atividades pedagógicas e/ou culturais, que proporcionem doação de alimentos, levem esses produtos até as pessoas necessitadas da comunidade;
3- Existem autores brasileiros que se especializaram na publicação de artigos e livros que trazem relatos marcantes sobre o tema trabalhado no filme "Ilha das Flores". Selecione artigos e livros e peça aos alunos que leiam e discutam, produzam textos, comparem com o filme.