Márcio Balbino Cavalcante
Mestre em Geografia - UFRN
Desde o surgimento da espécie humana na Terra, as formas de modificação e apropriação em relação a natureza se intensificaram e ocasionaram diversos impactos ambientais. O advento do hábito sedentário levou o homem a desenvolver novas habilidades tecnológicas necessárias a edificações de casas, manejo do solo, uso do fogo, produção de tecidos e vestuários; ferramentas de trabalho; o transporte; a roda; a tração animal; o aproveitamento de energia; dentre outras.
O preço do desenvolvimento
Em aproximadamente duzentos anos de industrialização do planeta, a produtividade de bens materiais e seu consumo se deu de forma bastante acelerada, ocorrendo uma considerável degradação do meio ambiente, comprometendo a qualidade de vida da população. Nesse sentido, a crise ecológica que destrói o planeta Terra, põe em risco a sobrevivência da diversidade dos sistemas vivos, incluindo aí o próprio homem. A maioria dos problemas ambientais do planeta provém de um certo estilo de cultura adotado pela sociedade.
O Planeta Terra vive um período de intensas transformações técnico-científicos, em contrapartida das quais engendram-se fenômenos de desequilíbrios ecológicos, que se não forem remediados no limite, ameaçam a implantação da vida em sua superfície. Paralelamente a tais perturbações, os modos de vida humanos individuais e coletivos evoluem no sentido de uma progressiva deterioração.”
A crise planetária e a educação ambiental
Na obra Terra-Pátria, (2001), Edgar Morin propõe a reformulação do pensamento para a compreensão da crise planetária que se instalou na Terra. Nesse contexto observa que as civilizações dispersas do planeta estão vivendo um momento de necessidade de interdependência em todos os aspectos e é preciso, então, que se consolide a fraternidade que surge com a conscientização da importância dessas inter-relações entre a comunidade humana e o cosmo. Fala ainda da era planetária em que vivemos e a sua agonia, do cartão de identidade terrena, dos objetivos terrestres e da responsabilidade do ser humano na transformação da Terra-Pátria que deve iniciar-se pela transformação do pensamento.
Assim, apontamos a necessidade de se promover a Educação Ambiental como primeiro passo a ser dado, quando se deseja mobilizar pessoas para ações relacionadas à ética e a cidadania ambiental. Para isto, faz-se necessário promover um conhecimento capaz de educar e formar cidadãos conscientes de suas responsabilidades individuais, em relação à preservação e conservação do ambiente global, e assim promover o que Morin denomina de “cidadania terrestre”.
A situação vigente requer um trabalho de Educação Ambiental, que faça uso de estratégias dinâmicas e se ampare numa visão transdisciplinar, para assim proporcionar conhecimentos, habilidades e criticidade aos indivíduos, sensibilizando-os para a importância da natureza como meio à perpetuação da vida.
Os desafios da educação ambiental
Desse modo, os cuidados com o planeta deve ser uma preocupação de profissionais de todas as esferas, em especial de educadores, no sentido de (re)educar ambientalmente os cidadãos terrestres. Assim, uma atividade de Educação Ambiental deve se constituir um processo contínuo, no qual os indivíduos e comunidades envolvidas tomem consciência da possibilidade de um colapso ecológico e adquiram conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornem aptos a agir, individualmente e coletivamente, tendo como princípio básico o respeito a todas as espécies de vida.
A Educação Ambiental é um instrumento poderoso de que a sociedade dispõe no momento para resgatar valores capazes de induzir crianças e jovens a perceberem a natureza como um bem comum, a ser compartilhado com base no sentimento de solidariedade e responsabilidade.
O desafio de superar a crise ecológica a nível global deve ser, sem dúvida, uma preocupação de todas as esferas do poder público e de a humanidade como um todo, nessa direção, em temos constitucionais, na década de 1980, a Educação Ambiental passou a ser um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente, com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988, que no seu artigo 225, diz que:
“Todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
No mesmo documento se destaca como função do poder público “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.
No âmbito escolar a Educação Ambiental vem sendo instrumento de preocupação das novas tendências curriculares. A esse respeito o MEC dentro dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), propõe temáticas transversais que abrem espaço para se abordar o meio ambiente em todas as disciplinas do Ensino Fundamental.
Nesse sentido conclui-se que o desenvolvimento de um trabalho da Educação Ambiental formal ou informal pode ser considerado prioritário no atual momento da história da humanidade. Essa retomada de consciência deve acontecer com o apoio de profissionais das diversas áreas de conhecimento, uma vez que deve-se considerar a inter-relação existente nos diversos elementos da natureza, assim como a conexão entre os saberes.
Artigo publicado na Revista Mundo Jovem, abril, 2011.
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