Definir a função das escolas é por si só um exercício difícil e contraditório para qualquer intelectual. Essa mesma confusão passa pela cabeça dos estudantes de escola pública que não conseguem enxergar a função da escola na sua vida.
Observar o cotidiano escolar é um exercício muito complicado, buscar a subjetividade do espaço e entender como as relações sociais entre sujeitos e sujeitos se desenrolam, assim como as relações com o próprio objeto. O modelo de escola pública decadente que se apresenta é preocupante, não meramente por sua falta de estrutura ou pelo despreparo de muitos professores em lidar com uma realidade cada vez mais dura, mas sim pela sua incapacidade de causar qualquer efeito/reação nos seus alunos, ao ponto destes não reconhecerem o próprio motivo de todo aquele estorvo que se torna a escola. E é essa questão que vamos debater aqui.
O modelo de educação neoliberal que visa a formação de mão-de-obra para o mercado e que passa necessariamente por uma revisão dos conteúdos e a preferência à escola privada. Esse modelo alimenta e reproduz o ideal capitalista da sociedade, mas gera um efeito contraditório. Hoje as escolas padrões são as privadas, que reproduzem a sociedade com louvor, enquanto as escolas públicas sofrem com o gradativo sucateamento. O que será então dos estudantes que não podem escapar da realidade da escola pública? Indo ao estágio e conversando com alunos eu pude perceber que o ideal capitalista não passa por ali.
Muitos vêem a escola como obrigação e não conseguem se enxergar num futuro promissor, por acreditarem estar em desvantagem em relação aos estudantes da escola privada. A verdade é que a escola se torna o complemento e a própria consolidação de uma realidade sem perspectiva alguma. Não é um problema que nasce na escola, mas se consolida lá. Se as escolas públicas não conseguem mais reproduzir a sociedade e alimentar o sonho do esforço utópico capitalista, de fato qual a sua função? Seria então um depósito de gente até o aguardado fim? Confesso não ter as respostas, mas é preocupante notar que os alunos querem apenas passar pela escola.
Não é só um problema da formação do aluno e nem sequer só da escola, mas de todo um modelo. A função social da escola não pode ser desprezada. Embora ela seja uma ferramenta fundamental da própria reprodução da sociedade, ela é também uma instituição composta por sujeitos. Ou seja, transformar a sociedade passa obrigatoriamente por transgredi-la e isso pode começar na escola. A questão não é por que estudar isso ou aquilo, mas porque fazer parte de algo que não me causa efeito nenhum, que não modifica minha vida em nada. O sonho capitalista se revigora mais e mais de um lado e do outro ele nem sequer surge, assim como nenhum outro sonho.
Os sujeitos comprometidos tem como primeira atitude revitalizar a crença dos seus estudantes na própria função transformadora que a escola deveria ter. Realçar a verdadeira miscigenação que é o espaço escolar público, são muitas histórias diferentes, que devem ser trocadas pelos alunos. A figura do professor é essencial nesse momento, não surgir como o inimigo autoritário, mas sim como a pessoa que é capaz de dizer coisas que mexam com a própria realidade do aluno. E para isso é preciso uma mudança das próprias formas de relação entre professor e aluno.
O desafio é imenso. No caso do Instituto de Educação Clélia Nanci que é um colégio enorme, fazer o aluno se sentir mais próximo do espaço e das pessoas num ambiente que por diversas vezes se demonstra hostil, é complicado. Porém quando eles abraçam a funcionária da recepção ou apertam as mãos de um professor e brincam com ele no pátio, são relações que não podem ser banalizadas. Existe algo que pode ser explorado e que quase sempre passa despercebido.
Marcio Ornelas Vieira é graduando em geografia pela UERJ - FFP.
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